O Governo de Macau confirmou hoje que os crimes relacionados com o jogo aumentaram 38% no ano passado, mas sublinhou que a maioria ocorreu dentro dos casinos, considerando, por isso, que não houve impacto na segurança do território.
Numa conferência de imprensa, o secretário da Segurança, Wong Sio Chak, confirmou dados que já haviam sido avançados pela Polícia Judiciária no mês passado relativos à criminalidade em Macau em 2015, reconhecendo o “acréscimo notável” dos crimes relacionados com o jogo, para 1.553 processos e inquéritos, em especial os casos de sequestro (mais 86,4%) e usura (subida de 48,1%).
“Os processos relativos a estes tipos de crimes foram abertos por iniciativa da própria polícia, e a maioria dos casos aconteceu dentro dos casinos, o que quer significar que a sua ocorrência não influencia negativamente a estabilidade da sociedade de Macau”, afirmou.
O secretário destacou, por outro lado, que a maioria das vítimas e dos alegados autores dos crimes relacionados com o jogo não são residentes de Macau.
Wong Sio Chak considerou que a “subida significativa” dos sequestros e da usura “evidenciam as relações entre a segurança e o ajustamento” que se verifica neste setor do jogo, numa referência à queda contínua das receitas dos casinos desde meados de 2014.
No entanto, dado o seu confinamento ao interior dos casinos e a origem de vítimias e criminosos, Wong sio Chak concluiu que “o ajustamento no setor do jogo ainda não trouxe quaisquer consequências para a situação de segurança de Macau”.
Wong Sio Chak destacou que por contraponto à subida da criminalidade associada ao jogo, a criminalidade geral caiu 2,6% em 2015 e que os crimes violentos fora dos casinos também desceram genericamente e continuam a ser inexistentes ou residuais no que toca, por exemplo, a homicídios (houve um no ano passado em Macau), raptos ou ofensas graves à integridade física.
O secretário acrescentou que as autoridades também não têm “informações sobre qualquer anormalidade no comportamento de associações secretas devido ao ajustamento das receitas do jogo”, mas, ainda assim, tanto a Polícia Judiciária como a PSP “continuam a reforçar a monitorização das sociedades e das associações criminosas”.
Por outro lado, e perante a abertura de novos casinos integrados em ‘resorts’ “de grande envergadura”, as autoridades de Segurança vão fazer ajustamentos ao nível dos recursos policiais, “atender às tendências da nova criminalidade” e “implementar sistemas de prevenção que proporcionem a resposta imediata e eficaz”, prometeu.
O diretor da Polícia Judiciária, Chan Wai Kuong, numa conferência de imprensa no final de janeiro em que revelou os dados da criminalidade relativos a 2015, realçou que “as mudanças” no jogo levaram a PJ a aumentar a sua atenção a esta área, nomeadamente, com o reforço de pessoal destinado a trabalhos de fiscalização e investigação.
Ainda assim, apontou a necessidade de aumentar ainda mais os recursos humanos, de forma a haver investigadores a trabalhar 24 horas por dia.
Segundo revelou, a PJ de Macau tem neste momento 735 agentes de investigação e outros 82 estão a frequentar o curso de formação. O objetivo é aumentar o pessoal até aos 900 agentes.
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